RITA CLEMENTE ESTREIA O PROJETO “CENTRÃO BH"
foto: Fabiano Lana
Atriz apresentará trechos de seu próximo espetáculo em uma loja de rua no Centro de Belo Horizonte. Com entrada gratuita, espaço abrigará também exposição sobre a pesquisa dramatúrgica “Bala Perdida”, de 30 de setembro a 25 de outubro
A atriz Rita Clemente apresenta o projeto “Centrão BH” e anuncia a finalização da pesquisa de dramaturgia, “Bala Perdida”, levando ao público trechos de “Para desencadear reviravoltas na Indonésia”, última peça da tetralogia. “Centrão BH” é uma instalação artística que tem suas bases na linguagem teatral e vai ocupar uma loja na Rua São Paulo, 1225, no hiper centro da capital mineira, ficando aberta ao público, com entrada gratuita, do dia 30 de setembro a 25 de outubro, de segunda a sexta-feira, de 13h às 19h. Nesse período, às segundas, quartas e sextas, sempre às 13h15, às 15h15 e às 18h15, serão apresentados trechos do espetáculo “Para Desencadear Reviravoltas na Indonésia”, em três atos, intitulados “Óperas Urbanas”. Com atuação, direção e dramaturgia de Rita Clemente, o espetáculo tem estreia prevista para fevereiro de 2020. A cada dia, o público conhecerá um dos atos, com duração de 15 minutos cada. O ator Márcio Monteiro integra o projeto, atuando e assinando a criação da trilha sonora. Além das apresentações dos atos, haverá uma exposição, que reunirá elementos dos quatro anos do processo da pesquisa “Bala Perdida”, incluindo instalação audiovisual e material dramatúrgico.
“Na loja/galeria, vamos apresentar trechos do espetáculo que está em processo e que vai estreiar no início do ano que vem. Não se trata de uma experimentação, são dois projetos distintos: a exposição sobre o projeto Bala Perdida e os trechos da ultima criação. Com esse projeto, eu finalizo a pesquisa que começou em 2015, fechando com a estreia do espetáculo em 2020”, explica Rita Clemente. Ela explica que levar o projeto para o centro da cidade é uma forma de fazer o público também se apropriar da obra. “Queremos que as pessoas percebam a loja/galeria como algo que faz parte daquele universo, mesmo com sua especificidade, mesmo diante de sua diferença. Não é uma extensão da rua, contrasta, mas faz parte. Sempre percebi que algumas pessoas que não vão ao teatro pensam: Teatro não é pra mim. Não pretendo diminuir o ‘valor’ daquilo que desenvolvo para que outras pessoas ‘entendam’, prefiro dizer que o que eu crio é para elas e que não é necessário entender, não precisa fazer prova depois, responder questionário. É necessário fruir, é necessário criar perguntas, é necessário ter curiosidade, espantar-se ou querer saber sobre, destestar é melhor que sair sabendo tudo sem ter sido tocado... Por isso criamos um lugar/loja que receba a obra com dignidade e mostre ao cidadão que por ali transita que essa obra de arte, um tanto diferente, é para ele”, contextualiza.
Em “Bala Perdida” - que inclui as montagens “19h45” (2015), “Ricochete” (2016) e “Antes do fim” (2017)-, Rita Clemente vem desenvolvendo um estudo dramatúrgico e de direção voltado a acontecimentos simultâneos do dia-a-dia, assim como ao entrelaçamento da vida de personagens urbanas através de situações ligadas ao acaso. A pesquisa se iniciou com uma parceria entre Rita Clemente e Márcio Monteiro, a dupla de atores contou com a orientação do diretor mineiro Carlos Rocha e do dramaturgo carioca Pedro Brício em oficinas propostas para impulsionar a criação. Para o novo espetáculo, que estreia em fevereiro, o olhar apurado da atriz e diretora Yara de Novaes fará a direção de atores do trabalho. Em “Para Desencadear Reviravoltas na Indonésia”, a autora dá continuidade à história de Laura, personagem das outras três montagens do projeto “Bala Perdida”. Agora, Laura, que foi violoncelista de um quarteto de cordas, após perder os filhos gêmeos para o acaso não comparece à ultima apresentação de seu importante quarteto e dirige-se ao centro da cidade. Ali, perdida, diante de uma realidade avessa a seu pequeno mundinho de crenças e valores limitados, não aceita as perdas sofridas e quer arregimentar tempo e espaço, quer ter o poder de mudar o passado. A personagem, politicamente incorreta, remexe de forma critica nos “valores” da música clássica européia e na impostura do mercado de arte, além de desafiar leis religiosas, físicas e metafísicas. Mas sua vida está entrelaçada à vida de um motoboy. Um anti-herói do asfalto. Este homem das ruas carrega também seus valores e crenças. Ele também quer mudar o mundo e acredita que tem este “poder”. Entrelaçados pelas redes do acaso, enquanto lutam contra o tempo, são arremessados pelo destino, um contra o outro. São suas ações, dele e dela, que desencadeiam reviravoltas? Fatos? Mágica? Coincidência? Sincronicidade? Essas são algumas perguntas que a montagem busca refletir. Para também propor a discussão do que é “valor” e “poder” foi que Rita pensou em levar o projeto para dentro de uma loja no Centro de Belo Horizonte. Ela propõe a instalação de uma loja para que a fricção entre o consumo e o objeto de arte, possa promover um olhar reflexivo do visitante que trafega no hiper centro da capital.
Poder: Rita Clemente conta que na “loja” podemos refletir sobre Valor, mas também sobre Poder “Aproveitamos para falar, também, sobre o acaso e sua exatidão; falamos da incompletude e do ressentimento como estopim para ações desastrosas ; falamos até de preconceito e machismo sem transformar nossa obra em didatismo ou só para vender ativismo, tão levianamente tratado; a gente fala também da falta de honestidade do mundo da arte; mas principalmente deixamos que personagens sejam ruins, bons, terríveis, feios, bonitos, cheios de defeito, errados... tudo que puder ser Humano, que puder falar sobre o que é ser humano e assim possa levantar perguntas, reflexões. E vamos falar sobre Poder: precisamos falar sobre poder,” acredita Rita Clemente.
Ela conta que o título “Para Desencadear Reviravoltas na Indonésia” surgiu do texto da personagem Laura que tratava de reaver os filhos. “Ela achava que os havia perdido para o acaso e queria modificar o passado para que os filhos voltassem para ela. Então, o texto faz uma menção à Indonésia, este país distante e desconhecido por tantos de nós que, na nossa peça, representa o outro, aquele diferente de nós, que desconhecemos, mas que tem sua vida entrelaçada na vida da gente. Estamos todos ligados, querendo ou não.”, explica Rita Clemente.
“Centrão BH” é a realização dos projetos “Centrão BH: Ópera e Galeria”, produzido com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura e patrocínio da MGS – Minas Gerais Administração e Serviços S.A, e “Ópera Urbana – Para desencadear reviravoltas na Indonésia”, que conta com o incentivo da Lei Estadual de Incentivo à Cultura e tem patrocínio da Maria Chocolate.
Sinopse das “Óperas Urbanas”: trechos, em três atos, do espetáculo “Para Desencadear Reviravoltas na Indonésia” que serão apresentadas no “Centrão BH”
Sinopse Geral:
Em uma metrópole, as vidas de uma musicista e um motoboy estão atravessadas, como uma avenida transversal, corta outra, criando quinas, esquinas, cruzamentos conflituosos. Uma bala perdida encontra um alvo perfeito. Uma mulher quer mudar o tempo, o espaço. Um homem, em sua ignorância, quer ser herói. Vidas entrelaçadas, jogos de poder. Valores se decompõem, quando o acaso protagoniza os fatos
Sinopse Ato I
Laura, violoncelista de um importante quarteto de cordas, perde seu segundo filho para o acaso: uma bala perdida atravessa o vidro da janela de sua casa e encontra como destino final o peito do rapaz. O primeiro filho, jovem ciclista, havia morrido, há pouco tempo, em um acidente de trânsito. Ela ainda está diante do corpo morto de Arthur sem acreditar no que aconteceu, quando o motoboy, Lucas, chega para entregar o sanduíche que o garoto havia pedido. Ambos, Laura e Lucas, ainda não sabem o que aconteceu, mas estão intimamente ligados a este acontecimento.
Sinopse Ato II:
Lucas, motoboy, entregador de sanduíche, ao chegar à casa de Arthur para uma entrega, encontra o rapaz estendido no chão com uma bala no peito. A mãe de Arthur, Laura, que está pronta para sair e realizar o último concerto do quarteto de que faz parte, parece não querer acreditar que o filho está morto. A dúvida sobre o que teria acontecido move Lucas. Laura não aceita que o acaso venha a tomar-lhe o segundo filho. Os dois, Laura e Lucas, partem em uma viagem contra o tempo.
Sinopse Ato III:
Laura sai de casa desnorteada depois de testemunhar a morte de Arthur, seu segundo filho. Atravessa ruas e avenidas até chegar ao centro da cidade. Nesse universo, tão diferente das salas de concerto que costuma frequentar, ela busca uma saída. Não aceita suas perdas. Quer mudar tudo. Laura deseja revirar tempo e espaço, arregimentar forças visíveis e invisíveis para ter de volta seus filhos. Lucas, o motoboy que se deparou com o corpo morto de Arthur estendido no chão ao chegar para fazer uma entrega sai atrás de Laura, movido pelo desejo de justiça. Ele quer que ela conte o que aconteceu com o filho ou se entregue para a polícia. Laura e Lucas se encontrarão mais uma vez. Ele diante da verdade dos fatos, ela em um duelo impiedoso com o acaso.
Link para baixar fotos e imagens em vídeo: https://drive.google.com/drive/folders/1JiIYW_LrYQX67w6yjRBICHu718vf0lln?usp=sharing
FICHA TECNICA
Concepção Geral, Direção e Dramaturgia: Rita Clemente / Atuação: Márcio Monteiro e Rita Clemente / Assistência de direção: Luciana Veloso / Trilha Sonora: Márcio Monteiro / Iluminação: Bruno Cerezoli/ Criação de vídeos: Lucas Morais/ Cenário e Figurino: Miriam Menezes / Costureira: Taires Scatolin / Cenotécnico: Antonio Lima / Produção: Luciana Veloso/ Assistência de Produção: Elisa de Jesus/ Assessoria de Comunicação: Jozane Faleiro - Luz Comunicação/ Identidade Visual: Fabiano Lana / Fotografia: Fabiano Lana / Videomaker: Charles Carvalho / Realização: Clementtina Cultura
Serviço: “Centrão BH”
30 de setembro a 25 de outubro, de segunda a sexta feira, de 13h às 19h
Local: Loja/Galeria - Rua São Paulo, 1225, Centro/BH
Classificação: LIVRE
Apresentações “Óperas Urbanas”:
ATO 1 - segundas-feiras às 13h15, às 15h15 e às 18h15
ATO 2 - quartas-feiras às 13h15, às 15h15 e às 18h15
ATO 3 - sextas-feiras às 13h15, às 15h15 e às 18h15
Duração dos atos: 15 minutos
Entrada gratuita, por ordem de chegada, limitada a 15 pessoas por apresentação.
Informações para a imprensa:
Luz Comunicação - Jozane Faleiro- jozane@luzcomunicacao.com.br - 31 992046367
SOBRE RITA CLEMENTE
Rita Clemente, destacada atriz, diretora e dramaturga mineira, tem vasta experiência em teatro e incursões em televisão e cinema. Na televisão, estreou como atriz no seriado “A Cura” (2010) e fez parte do elenco das novelas “A vida da gente” (2011-2012), “Amor à Vida” (2013), e “Liberdade, Liberdade” (2016), todas pela TV Globo. No cinema, atuou nos longas-metragens “Pequenas Histórias” e “Batismo de Sangue”, do diretor Helvécio Ratton.
No teatro, em sua abordagem do texto “Dias Felizes”, de Samuel Beckett, ganhou os prêmios de melhor direção Questão de Crítica - Rio de Janeiro 2013 e melhor figurino Prêmio Usiminas Sinparc 2006 e foi indicada a mais quatro categorias do Prêmio Questão de Crítica do Rio de Janeiro: trilha sonora, atriz, melhor espetáculo e figurino. Também foi premiada como melhor diretora pelo Copasa Sinparc 2015 com o espetáculo “O que você foi quando era criança” e indicada aos prêmios Shell SP e Qualidade Brasil SP 2008 pela direção de “Amores Surdos” (Grupo Espanca!). Rita Clemente é graduada em música pela Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), formada pelo curso de formação profissional de atores da Fundação Clóvis Salgado e, atualmente, desenvolve a pesquisa “Dramaturgia da cena polifônica: teatro e música” no mestrado em artes da UEMG.